Coração e Qualidade de Vida: Como a Cirurgia Pode Fazer Diferença
- Dr. Paulo Prates Cirurgia Cardiovascular

- há 5 dias
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Quando falo em cirurgia do coração, a maioria das pessoas pensa logo em riscos, cortes, internação, UTI. E tudo isso, de fato, faz parte do processo. Mas existe um lado que nem sempre é discutido com a mesma ênfase — e que eu, Dr. Paulo Prates, faço questão de abordar com todos os meus pacientes: a melhora significativa na qualidade de vida após a cirurgia cardíaca.
Hoje, quero conversar com você sobre como a cirurgia pode transformar não só o funcionamento do coração, mas também a forma como o paciente vive, respira, caminha, dorme, sente e até se relaciona.
Vamos desmistificar esse processo e entender, com profundidade, por que em muitos casos a cirurgia cardíaca é o caminho para voltar a viver — de verdade.
O Que Significa Qualidade de Vida?
Antes de falarmos sobre cirurgia, precisamos entender o conceito de qualidade de vida. E não estou falando apenas de viver mais tempo, mas de viver bem.
Na prática clínica, vejo todos os dias pacientes com:
Falta de ar ao subir poucos degraus
Cansaço extremo ao caminhar até o mercado
Dores no peito que limitam a rotina
Ansiedade constante por medo de ter um infarto
Dependência de outras pessoas para atividades simples
A qualidade de vida envolve autonomia, bem-estar físico e emocional, capacidade funcional e esperança no futuro.
E é justamente esse conjunto que a cirurgia cardíaca pode ajudar a restaurar.
Quando a Cirurgia Entra em Cena
Eu, Dr. Paulo Prates, não defendo a cirurgia como solução universal. Sempre avalio todas as opções: mudanças no estilo de vida, medicamentos, cateterismos, reabilitação. Mas há momentos em que o tratamento cirúrgico é a única forma de impedir a piora progressiva da doença cardíaca — e de devolver ao paciente uma vida ativa e segura.
As situações mais comuns incluem:
Obstrução grave das artérias coronárias (risco de infarto)
Estenose ou insuficiência valvar com sintomas (falta de ar, cansaço, tonturas)
Aneurismas com risco de ruptura
Doenças cardíacas congênitas não corrigidas
Fibrilação atrial com repercussões clínicas associadas
E nesses casos, a cirurgia não é apenas sobre o coração — é sobre o que o paciente pode voltar a fazer depois dela.
O Cansaço Que Você Achava Que Era da Idade Pode Ser do Coração
Quantas vezes eu ouvi no consultório frases como:
“Doutor, achei que esse cansaço era normal pra minha idade.” “Achei que ficar sem fôlego era coisa da pressão alta.” “Achei que o desânimo era emocional.”
E muitas vezes, não era nada disso. Era o coração pedindo ajuda.
Quando existe uma valvulopatia importante, uma obstrução nas coronárias ou um problema estrutural no coração, o corpo inteiro sente. A oxigenação diminui, o cérebro responde com cansaço, o sistema músculo-esquelético enfraquece, e a pessoa passa a viver em “modo econômico”.
Ao corrigir essa disfunção com cirurgia, é como se o corpo voltasse a ter energia. E isso muda tudo.
E o Medo da Cirurgia? É Justificado?
Sim, é legítimo. Mas não deve ser paralisante.
Como cirurgião cardiovascular, eu nunca ignoro o medo de um paciente. Pelo contrário: convido para conversarmos sobre ele. E mostro que, com os avanços atuais:
A maioria das cirurgias tem altíssimas taxas de sucesso
O tempo de UTI é cada vez menor
As cicatrizes são menores (e em alguns casos, nem são necessárias com técnicas transcateter)
O retorno à rotina pode acontecer em poucas semanas
A chance de melhora na qualidade de vida é muito significativa
O medo deve ser um convite ao diálogo — não à inércia.
A Cirurgia Não Garante Imortalidade. Mas Pode Oferecer Algo Muito Importante: Liberdade
Gosto de dizer que a cirurgia cardíaca não é uma promessa de vida eterna, mas pode ser uma porta para mais tempo com dignidade, com mobilidade e com autonomia.
E, às vezes, isso é tudo o que um paciente quer:
Conseguir ir ao supermercado sozinho
Não precisar de oxigênio ao caminhar
Dormir uma noite inteira sem acordar ofegante
Voltar a viajar
Acompanhar o crescimento dos netos
Essas pequenas grandes vitórias são, muitas vezes, mais valiosas do que qualquer número de anos.
E Depois da Cirurgia? O Que Esperar da Qualidade de Vida no Pós-Operatório
Os primeiros dias são de recuperação física. Mas, com o acompanhamento certo, a evolução costuma ser rápida.
O que os pacientes relatam com frequência após o período inicial:
Mais disposição ao acordar
Menos fadiga ao realizar tarefas comuns
Capacidade de voltar a caminhar, fazer exercícios leves
Redução ou desaparecimento da dor no peito
Sono de melhor qualidade
Mais confiança emocional
E isso reflete em todos os aspectos da vida — trabalho, lazer, relações familiares e autoestima.
A Importância da Reabilitação Cardiovascular
A cirurgia é apenas o primeiro passo. A reabilitação faz parte do processo de restauração da qualidade de vida.
Por isso, sempre recomendo que o paciente siga com:
Fisioterapia motora e respiratória
Exercícios supervisionados
Reeducação alimentar
Apoio psicológico (quando necessário)
Consultas periódicas com o cardiologista
Esse conjunto é o que sustenta os bons resultados da cirurgia.
Cuidar do Coração é Cuidar da Vida Toda
A decisão por uma cirurgia cardíaca deve ser feita com cuidado, informação e diálogo. Não é uma escolha simples. Mas, quando bem indicada, bem executada e bem acompanhada, ela pode mudar tudo.
Eu, Dr. Paulo Prates, tenho orgulho de ver meus pacientes voltarem à rotina com autonomia, de acompanhar suas conquistas pós-operatórias e de saber que, de alguma forma, ajudei a reabrir portas que estavam se fechando.
A medicina existe para preservar a vida. Mas também para recuperar o prazer de vivê-la.
Perguntas Frequentes sobre Cirurgia Cardíaca e Qualidade de Vida
1. Toda cirurgia cardíaca melhora a qualidade de vida?
Não necessariamente. Depende da indicação, do momento da doença e do estado geral do paciente. Por isso, a avaliação deve ser individualizada.
2. A melhora é imediata após a cirurgia?
Em muitos casos, os primeiros benefícios aparecem nas primeiras semanas. Outros pacientes percebem ganhos ao longo de meses, com a ajuda da reabilitação.
3. A cirurgia pode eliminar completamente os sintomas?
Em muitos casos sim. Em outros, os sintomas diminuem bastante, mesmo que não desapareçam totalmente. O mais importante é o impacto funcional.
4. Quanto tempo leva para voltar a trabalhar?
Depende da cirurgia e da atividade profissional. Em média, de 30 a 90 dias, com liberação progressiva conforme evolução.
5. Idosos também têm benefício na qualidade de vida?
Sim. Cirurgias em idosos devem ser bem avaliadas, mas quando bem indicadas, oferecem benefícios muito significativos — inclusive emocionais.



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